A história do mobiliário remonta às mais antigas culturas, mas, só a partir da civilização egípcia, os documentos e vestígios materiais a respeito do tema começam a existir. Os elementos formais e culturais são fatores importantes na escolha do mobiliário em uma sociedade.
A mudança do gosto, ou seja, a transformação estética é influenciada pelos eventos históricos e sociais e é o que acaba dando origem às mudanças estilísticas periódicas como as conhecemos. Alguns artigos de mobiliário também atravessam séculos e se tornam clássicos, que resistem ao tempo e às mudanças.
Muitos estilos também se desenvolvem em simbiose ou em conflito com outros. Eventos históricos colocaram culturas em contato forçado, por exemplo, e deram origem a outras, que mesclam elementos das que existiam separadamente em momento anterior.
Da mesma maneira, estilos de tempos passados ou culturas locais perdidas no tempo são, muitas vezes, recuperados como inspiração no design contemporâneo.
É o caso, por exemplo, da Cadeira Klismos, uma cadeira de pernas curvas que foi criada na Grécia Antiga e da qual se tem conhecimento através de desenhos feitos em cerâmicas. Ela é é uma releitura do assento dos deuses, chamado de Klismos, o assento mais usado na cultura da Grécia Antiga. Perdida com o passar dos anos, a cadeira Klismos ressurgiu durante uma escavação no século XVIII e foi incorporada a diversos estilos, como o Regência, na Inglaterra e o Rococó, na França.
Outro exemplo de intercâmbio cultural refletido em um objeto, que atravessa não fronteiras geográficas, mas temporais, é o caso do Linnak, copo taiwanês cujo nome significa literalmente “copo duplo”, no idioma Paiwan. Trata-se de um recipiente originalmente usado em ritos de culturas aborígenes de Taiwan e tem origem na necessidade de compartilhar algo. Atualmente, o copo é usado em cerimônias de casamento, por exemplo, como um “cup for lovers”.
A China Chair™, desenhada pelo famoso designer Hans J. Wegner, em 1944, é a única cadeira de madeira maciça na famosa Coleção Fritz Hansen e tem inspiração nas clássicas cadeiras chinesas do século XVII e XVIII. Na interpretação moderna de Wegner daquelas cadeiras, o funcionalismo expressivo e escultural dividem espaço com o talento artesanal do designer.
Tecidos com estampas, móveis em tom de dourado, tapetes orientais, mosaicos, almofadas e puffs marroquinos, por exemplo, são artigos da cultura árabe frequentemente relidos pelo design contemporâneo. A iraquiana Rand Abdul Jamal, por exemplo, desenhou a poltrona Shape, procurando se apropriar da lógica dos processos artesanais árabes. A poltrona foi exposta na mostra Tanween, um dos destaques da Semana de Design de Dubai.
Saber mais sobre os móveis pode ser um caminho muito, muito rico para saber mais sobre as culturas de todos os tempos.