Residências e escritórios são, necessariamente, redutos de histórias. Elas estão impressas nas curvas e nas arestas do mobiliário, dos objetos dedecoração e das ferramentas de trabalho. Quanto mais cuidados são, mais histórias esses objetos carregam. Por que a curva acentuada daquela cadeira ganha suavidade em determinado ponto? O que levou o designer a optar por tal forma de mesa e não outra?
Então, daremos uma pausa na correria para contar boas histórias das peças que representamos.
Começamos acoplando nosso nome a nomes de peso: Herman Miller e Fritz Hansen são só algumas das gigantes que podem cruzar oceanos graças à Atec Original Design. A Herman Miller, empresa que conta com nomes como os de George Nelson e do casal Charles e Ray Eames, alguns dos principais fundadores do modernismo norte-americano. Nelson ficou muito conhecido por criar o conceito de “armário embutido”, pela poltrona Coconut, pelas luminárias Bubble, o sofá Marshmallow entre outros objetos que passaram a fazer parte da vida das pessoas para nunca mais sair. “Você não pensa sua maneira de trabalho criativo, você trabalha sua maneira de pensamento criativo”, diria o designer, que via o seu trabalho, sobretudo, como motor de mudança social.
Em 1956, Nelson e Irving Harper, outro conhecido designer, foram abordados por um inventor que criara discos de plástico por injeção, muito duráveis e fabricados a um custo baixo. Observando os discos, eles pensaram em um sofá cujos assentos e encostos tivessem esse formato e, assim, nascia o sofá Marshmallow, que correria o mundo nos anos 60 e teria esse nome porque foi fabricado primeiro na cor branca, lembrando a guloseima americana. Outra história curiosa é a das luminárias Bubble: foi com um spray de plástico branco e translúcido desenvolvido pelo exército dos EUA, que Nelson as criou, com o fim de fabricar luminárias semelhantes a algumas caríssimas peças suecas.
O casal Eames também é anedótico em si. Cheios de talento, vigor e irreverência, Ray e Charles Eames desenvolveram, entre trabalhos artísticos, visuais, cinematográficos, a lounge chair mais famosa do mundo, que passou a fazer parte do acervo permanente do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque. Durante a II Guerra, chegaram a interromper o trabalho com móveis para fabricar macas e talas para as pernas de soldados americanos. Criaram também cadeiras de escritório, como a cobiçada Eames executive/lobby chair, giratória de couro. Seu objetivo era criar algo menor do que a Eames Lounge Chair, que também pudesse ser usada como uma cadeira de conferência. Em 1972, o grande mestre do xadrez americano, Bobby Fischer, solicitou especificamente o projeto desta cadeira para o seu combate com o adversário russo Boris Spassky. Fischer explicou que esse era o único lugar em que ele poderia realmente se concentrar. Spassky então fez a mesma demanda, levando os patrocinadores do torneio a adquirir rapidamente uma segunda cadeira Eames para a partida.
Outro exemplo de fabricante cheia de histórias com que andamos de mãos dadas é a Fritz Hansen, fundada na Dinamarca, em 1872, pelo marceneiro de mesmo nome e por seu filho Christian. De lá pra cá, a empresa construiu uma longa e sólida trajetória quando o assunto é transformar o espaço. O trabalho da Fritz Hansen é guiado pela filosofia de que uma única peça de mobília pode embelezar todo um ambiente ou edifício – e elevar o bem estar daqueles que ocupam esses espaços. Arne Jacobsen, um dos mais importantes arquitetos e designers modernos, em parceria com a empresa, desenvolveu as cadeiras da série 7 e Ant, que estão entre as mais conhecidas do mundo.
Outro trabalho icônico do arquiteto é o Hotel SAS, que foi inaugurado em 1961, em Copenhague. Muito avançado e sofisticado para seu período, esse talvez seja o mais famoso símbolo do período clássico do aclamado design dinamarquês. O perfeccionismo próprio de seu trabalho está refletido em uma de suas famosas declarações: “Se um edifício torna-se arquitetura, então isto é arte”, diz Arne Jacobsen.