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Florence Knoll e os ícones da Bauhaus

Ambiente com as poltronas Barcelona, o sofá Florence Knoll e a mesa de centro Laccio.

Um dos aspectos mais importantes do legado de Florence Knoll se construiu a partir de suas relações criativas com alguns dos maiores arquitetos e designers do século XX. Três deles, Mies Van der Rohe, Anni Albers, e Marcel Breuer, foram expoentes da Bauhaus, local de ensino onde se erigiram as bases do modernismo.

Da esquerda para a direita: Florence Knoll, Mies Van der Rohe, Anni Albers, e Marcel Breuer

Após o fechamento desta, por intervenção do partido nazista, em 1933, muitos de seus professores e alunos, que já despontavam como artistas, designers e arquitetos do mais alto nível, migraram aos Estados Unidos.

Fachada da Bauhaus

Mies van der Rohe, que fora o último diretor da Bauhaus, tornou-se diretor de arquitetura do Illinois Institute of Technology em 1938. Lá, Florence foi sua orientanda, pouco antes de sua participação na Cranbrook Academy of Art, e de sua subsequente contratação pela Knoll.

Também ali ela conheceu Walter Gropius, diretor da Bauhaus no período anterior à direção de Mies Van der Rohe, e Marcel Breuer.

Walter Gropius, diretor da Bauhaus, e Florence Knoll jovem.

Nesta época, Mies Van der Rohe já era um arquiteto e designer de grande prestígio. Seu magnífico projeto do Pavilhão de Barcelona, realizado em 1929, e caracterizado pela utilização de materiais luxuosos e um estilo minimalista, expandia, à medida que se fazia conhecido ao redor do mundo, sua notabilidade como um inovador em ambas as áreas.

Imagens do Pavilhão de Barcelona, projetado por Mies Van der Rohe.

Marcel Breuer também já tinha grande renome como designer. As mais formidáveis peças de mobiliário desenvolvidas na Bauhaus têm a sua assinatura: a poltrona Wassily e a cadeira Cesca.

Marcel Breuer na poltrona Wassily. Ao lado a cadeira Cesca.

A partir do início de sua atividade como diretora de design da Knoll, em 1945, Florence valeu-se plenamente de seu conhecimento em arquitetura, design e arte para elevar o nível da marca norte-americana, na comunicação, na apresentação dos showrooms, e no catálogo de produtos.

Neste último, e talvez mais fundamental aspecto, a colaboração de criadores que haviam participado da Bauhaus teve importância central.

Showroom da Knoll. Florence Knoll a frente dos projetos.

Anni Albers, que fora diretora da oficina de tecelagem da Bauhaus, e a primeira designer têxtil a realizar uma exposição no MoMA, foi contratada por Florence, em 1950, para integrar o departamento de tecidos da Knoll. Ao longo das três décadas seguintes, ela criou estampas magníficas em colaboração com a marca, dentre as quais a mais célebre é a Eclat.

Primeira  exposição no MoMA de Anni Abers em 1950.

Três anos após a contratação de Albers, o catálogo da Knoll ganhou acréscimos de valor inestimável: a poltrona Barcelona, projetada por Mies Van der Rohe em conjunto com o icônico edifício de mesmo nome.

Já celebrado, à época, como um dos maiores designers e arquitetos modernistas, Mies Van der Rohe cedeu os direitos de produção deste clássico à marca que se tornaria, a partir daquela década, sinônimo do design minimalista de mais alto nível.

Poltrona Barcelona de Mies Van der Rohe para a Knoll

Até 1968, as peças de mobiliário projetadas por Marcel Breuer nos tempos da Bauhaus eram fabricadas pela marca italiana Gavina. Quando esta veio à falência, a Knoll adquiriu os direitos de produção da Wassily, da Cesca, e da Laccio Coffee Table.

Laccio Coffee Table de Marcel Breuer para a Knoll

Os clássicos de Mies Van der Rohe e de Marcel Breuer, assim como os tecidos de Anni Albers, elevaram enormemente o catálogo da Knoll.

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