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Conheça o ecodesign e sua aplicação

Você sabe o que é ecodesign?

O termo diz respeito a um padrão de design voltado à preocupação ambiental. Essa concepção teve origem com o designer austríaco Victor Papanek, por meio da publicação do livro Design For The Real World, lançado em 1971 e que até hoje é considerado um “manifesto” da área. 

Já o conceito como conhecemos hoje nasceu no início dos anos 1990, como iniciativa da indústria estadunidense para desenvolver projetos com menores impactos negativos para o planeta.

Ainda que seja considerada há décadas, a questão ecológica nunca foi tão urgente quanto nos dias de hoje. Segundo dados da OMM publicados no UOL, o planeta está um grau mais quente do que antes do processo de industrialização. 

Além disso, mesmo que todos os países envolvidos no Acordo de Paris reduzam suas emissões de gases ligados ao efeito estufa, o mundo ainda esquentará mais de três graus até o fim do século.  

Mas afinal, qual é o papel do ecodesign nesse cenário? Como ele se caracteriza, é utilizado e quais os meios de contribuir com as suas iniciativas? Entenda os detalhes mais importantes sobre o assunto a seguir.

O que é ecodesign?

O ecodesign prevê um conjunto de práticas e de estratégias ambientais para garantir o uso consciente de recursos naturais e de bens não renováveis.

Seu foco é em toda a cadeia de mercado, para que a concepção de novos produtos pondere os fatores ecológicos no mesmo nível de importância que são considerados os aspectos funcionais, econômicos e estéticos. 

Isso significa que a área se dedica à amenização da exploração excessiva e desenfreada dos ecossistemas e do meio ambiente como um todo, e isso vai muito além do uso de materiais recicláveis, do reaproveitamento de insumos e de outras ações consideradas sustentáveis. 

Na verdade, o ecodesign é pensado em todas as fases produtivas possíveis, desde a idealização de uma mercadoria, até o planejamento dos processos, sua construção e descarte.

Levando em consideração que a natureza pode ser prejudicada em qualquer etapa de exploração, a ideia é que já na coleta das matérias-primas a prioridade sejam aquelas menos poluentes ou já recicladas. 

Além disso, procura-se obter a máxima utilização de um item, para que sua vida-útil seja a maior possível junto ao usuário, para que ele tenha possibilidade de conserto fácil caso apresente defeitos ou ainda para que ele seja passado para outras pessoas após seu uso.

Dessa maneira, as mercadorias podem ser cada vez menos substituídas, o que garante uma menor produção de lixo desnecessário, ao mesmo tempo em que as necessidades dos consumidores são melhor atendidas.

Soma-se a isso o fato de que o consumo energético deve ser minimizado, que os materiais utilizados precisam ser atóxicos, entre outros cuidados que visam reduzir os danos ambientais. Sendo assim, podemos concluir que o ecodesign pode ser bastante abrangente. 

 

celle chair
36% dos materiais utilizados na fabricação da Celle Chair da Herman Miller são reciclados. Após pronta, ela é 99% reciclável.

Características do ecodesign

Por mais que o ecodesign possa englobar inúmeras ações e envolver diversos agentes no mercado, ele sempre deve ser guiado por seus princípios básicos, que são:

  • Uso de materiais com impacto ambiental reduzido, que devem ser advindos de métodos sustentáveis de produção, ser menos poluentes, demandar menos energia para fabricação e, de preferência, ser de origem reciclável;
  • Busca pela eficiência energética, em que as fábricas e outros agentes produtivos devem consumir menos energia ou priorizar fontes menos nocivas ao ambiente, como a elétrica;
  • Priorização da durabilidade e da qualidade, para que os itens produzidos tenham uma vida-útil maior e possam funcionar por mais tempo, garantindo que menos lixo seja gerado;
  • Preferência pela modularidade, em que as mercadorias sejam compostas por peças de fácil reposição, que podem ser trocadas facilmente em caso de defeito e evitam que o produto tenha que ser substituído;
  • Foco no reaproveitamento e na reutilização, que diz respeito à construção de objetos a partir do reuso de materiais de outros ou no planejamento para que esses insumos possam ser reaproveitados após a vida útil do produto, garantindo uma cadeia circular e sustentável. 

Ecodesign x Design sustentável: qual a diferença?

A noção de ecodesign muitas vezes é confundida com a de sustentabilidade, que se popularizou muito na última década. Contudo, os dois conceitos são diferentes.

No primeiro caso, que é o foco deste artigo, o objetivo é projetar itens que tenham os menores impactos possíveis para o meio ambiente, considerando absolutamente todas as etapas de sua cadeia de produção, utilização e descarte. 

Já o segundo, apesar de parecido com o anterior, vai além da questão ecológica e também engloba fatores econômicos e sociais. 

Portanto, enquanto o ecodesign é voltado à uma cadeia mercadológica ambientalmente correta, a sustentabilidade vai além e também considera como certos processos podem ser transformados para que sejam mais positivos para as pessoas, para a economia e o planeta.

Se os princípios do design ecológico são ligados às características de fabricação dos produtos, o sustentável já considera que sua elaboração deve ser acessível a todas as classes sociais, economicamente viável e também ecologicamente correta. 

Basicamente, é como se o ecodesign fosse uma parte do design sustentável, que por sua vez corresponde a uma área ainda maior.

Ecodesign na decoração de interiores

Por mais que as teorias do ecodesign sejam voltadas ao mercado e às cadeias produtivas como um todo, ações individuais também são muito importantes para que ele seja colocado em prática.

Na sua casa ou na sua empresa, por exemplo, o projeto de decoração pode levá-lo em consideração e se tornar mais responsável se os seguintes cuidados forem adotados:  

Faça o uso consciente de materiais

Cada vez mais produtos amigáveis à natureza são lançados atualmente. Isso significa que você pode trocar materiais tradicionais por: 

  • tintas vegetais;
  • plásticos reciclados;
  • madeiras reflorestadas;
  • entre outros semelhantes. 

Fique atento a essas novidades e às embalagens das mercadorias, que geralmente possuem selos e certificações que comprovam esses diferenciais. 

Considere a reutilização

Antes de transformar todo um ambiente, considere reutilizar ou reformar um móvel antigo, reaproveitar um item de decoração ou até mesmo buscar por alternativas que podem se transformar em novos objetos, como caixotes de madeira para criar estantes ou garrafas de vidro para usar como vasinhos. 

Fique atento ao consumo de energia

Na hora de comprar eletrônicos e eletrodomésticos, tenha cuidado para escolher aqueles que menos consomem energia. Além disso, deixe as janelas livres para aproveitar a luz natural e troque antigas lâmpadas por boas luminárias com LED, que têm um menor consumo energético. 

Se você puder investir mais, painéis solares também são uma boa opção. 

Priorize um mobiliário de design original

Seria impossível falar de ecodesign e decoração sem citar as fabricantes de mobiliário mais consagradas do mundo, como a Herman Miller, a Fritz Hansen, entre outras. 

Além de seus produtos serem icônicos e internacionalmente reconhecidos, eles são baseados em décadas de pesquisas em sustentabilidade, o que lhes confere uma durabilidade muito mais elevada, materiais mais eficientes e elevado potencial de reutilização ou reciclagem. 

Uso de madeiras descartadas no ecodesign

Muitas iniciativas de ecodesign já são desenvolvidas atualmente e ganham destaque em suas respectivas áreas. Para abordá-las, vamos começar tratando sobre o uso inteligente e inovador da madeira. 

eames lounge
Além de ter grande durabilidade, a poltrona Eames Lounge da Herman Miller é produzida exclusivamente com madeira de florestas sustentavelmente administradas.

A primeira ação é do designer gaúcho Hugo França, que passou a perceber os desperdícios na extração madeireira quando se mudou há 15 anos para a Bahia, o que o levou a produzir peças com resíduos florestais.

Por meio de suas oficinas em Trancoso (BA) e Louveira (SP), ele utiliza insumos descartados pela indústria moveleira tradicional, advindos de árvores naturalmente condenadas, além de raízes, troncos e galhos que não teriam mais utilidade. 

Atualmente, seu trabalho é um dos mais reconhecidos no design contemporâneo brasileiro, além de ser muito conceituado no cenário internacional. 

Também focado no ecodesign, um projeto do Club Design Litoral Paulista em parceria com a prefeitura de Santos conquistou recentemente o prêmio de impacto social iF Design Awards, que é considerado o “Oscar” do design.

O processo tem início quando o serviço municipal coleta madeiras descartadas e as leva para a EcoFábrica Criativa, que as limpa e organiza. Então, a matéria-prima é trabalhada para que se transforme em itens projetados pelos profissionais do Club Design. 

Quem faz isso são jovens capacitados pelo projeto, que têm a oportunidade de aprender um novo ofício, colocar-se profissionalmente e de agregar experiências para que atuem futuramente na área tendo consciência da importância do reuso e da preservação ambiental. 

A ação foi idealizada pelo arquiteto e designer Alvaro Guillermo e já garantiu a reciclagem de mais de três toneladas de madeira em apenas um ano. 

Utilização de materiais descartáveis

As possibilidades de desenvolvimento sustentável garantidas pelo ecodesign também estão presentes em projetos focados no uso de materiais descartáveis, como o plástico e o papelão. Conheça duas das iniciativas mais famosas nessas áreas: 

Precious Plastic

Sabendo que menos de 10% dos resíduos plásticos são reciclados no mundo, e que a maioria deles são descartados em lixões, aterros e na própria natureza, o engenheiro e designer holandês Dave Hakkens resolveu agir.

Ele é o fundador do projeto Precious Plastic, que criou 4 máquinas que permitem a qualquer pessoa fazer a reciclagem em casa ou ainda abrir um negócio por conta própria para a fabricação de objetos de plástico reaproveitado. 

Baseadas em máquinas industriais, elas são mais práticas, flexíveis, adaptáveis e facilmente reparáveis. Enquanto uma delas tritura o plástico, a outra é uma extrusora e as demais são moldadoras por injeção e por rotação. 

A melhor parte é que Dave compartilha todos os desenhos técnicos, relação de materiais e tutoriais completos caso o público em geral queira construir o maquinário por conta própria. Além disso, os projetos são em código aberto, e é possível baixá-los gratuitamente para utilizá-los ou adaptá-los conforme diferentes necessidades. 

Karton Group e os móveis de papelão

Já o Karton Group é um fabricante que utiliza os princípios do ecodesign para atender às necessidades de moradia das novas gerações, que precisam de um mobiliário mais prático e adaptável a diferentes necessidades pessoais. 

Sua ideia foi criar móveis feitos de papelão, que têm um visual contemporâneo e repleto de personalidade. Eles não exigem nenhum tipo de ferramenta para sua instalação, e mesmo que pareça improvável, eles são bastante robustos e resistentes.

A partir de uma matéria prima aparentemente banal, que é menos danosa ao ambiente e na maioria das vezes é de origem reciclável, eles produzem diversas peças para cômodos como quartos, escritórios e salas de estar. 

Os produtos podem durar até 10 anos se forem conservados da maneira correta e aparentemente têm poucas limitações. Por exemplo, no caso da cama, a empresa afirma que o peso suportado é de pouco mais de duas toneladas. 

Situado na Austrália, o Karton Group trabalha com designers de todo o planeta e realiza vendas exclusivamente online, que também contemplam alguns países fora da sua nação de origem. 

Ecodesign é uma necessidade

Por mais que muitos avanços tenham sido promovidos no mercado em termos de sustentabilidade, os modelos atuais de produção industrial ainda exigem estado de alerta.

Seja por conta do uso desenfreado de recursos naturais, pela poluição, degradação de solos, destruição de ecossistemas, desmatamento, entre outros problemas relacionados, os impactos já afetam nossa sociedade e podem comprometer as perspectivas das futuras gerações. 

Felizmente, o ecodesign é um importante aliado para que essa lógica seja repensada e transformada, gerando benefícios não apenas para o meio ambiente, mas também para os próprios consumidores.

Isso porque, o conceito é voltado às questões econômicas que influenciam negativamente os ecossistemas, a fim de promover bens mais duráveis, de maior qualidade e que tenham menores gastos produtivos. 

Criado inicialmente na década de 1990, a partir de preocupações que já eram discutidas há pelo menos vinte anos antes, o design ecológico considera todo o ciclo de vida das mercadorias, desde a obtenção de suas matérias-primas, até sua elaboração, comercialização e gerenciamento do descarte.

Trata-se de um paradigma que ainda não está difundido em seus níveis ideais, mas muitas fabricantes já se atentam à sua importância, e cabe aos consumidores priorizá-las para que também contribuam com suas demandas.

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