Você já ouviu falar em design circular? Para entender o conceito, e seu valor para os projetos de arquitetura e decoração, primeiro precisamos abordar como funciona o design considerado tradicional.
Em primeiro lugar, tenha em mente que “design” diz respeito à designação de um plano. Ou seja, é uma concepção de trabalho ou o planejamento de algo novo que virá a existir.
A ideia de design ganhou escopo e se profissionalizou na Revolução Industrial, com base nas demandas da produção em massa, que visa a ampliação e a difusão massificada do acesso a novos produtos.
Contudo, essa concepção produtiva não prevê a recirculação e a valorização de recursos e insumos. Na verdade, depois da Grande Depressão de 1929, os designers foram obrigados a fazer o oposto para estimular a economia, com itens criados sob a estratégia de obsolescência programada.
Trata-se de uma ideia, que é aplicada até hoje, em que os produtos são idealizados para que se tornem obsoletos e descartáveis o mais rapidamente possível, para que sejam substituídos por novas ofertas e gerem novas vendas.
Por si só, isso já resulta em uma série de problemas em termos de sustentabilidade e de aproveitamento de recursos, mas as adversidades vão além. Isso porque, nas linhas de produção modernas, muitas matérias-primas tóxicas e não reaproveitáveis ainda são priorizadas. Como resultado, acaba gerando complicações para o meio ambiente e principalmente para a saúde e segurança das pessoas.
Ou seja, desde muito tempo, o design industrial se limita às vantagens de criar produtos atraentes, acessíveis e de bom desempenho. Logo, esquecendo-se da importância de criar uma cadeia autossustentável, mais durável e positiva para a sociedade e para a biosfera.
Felizmente, o design circular surgiu para quebrar esses paradigmas, por meio de uma nova lógica de concepção, valorização e produção de mercadorias. Quer entender como? Descubra a seguir.
O que é design circular e quais os seus princípios?
Depois de compreender os problemas do atual modelo de concepção de produtos, que faz parte da economia considerada linear, é evidente que as características que definem um bom design precisam ser repensadas.
Ou seja, é impossível afirmar que uma mercadoria tem qualidade, caso ela vire lixo depois de algumas utilizações e se a sua composição for tóxica para o ambiente e para os indivíduos.
Portanto, é necessário ir além do desempenho e dos atributos físicos dos produtos, considerando que um bom design é aquele que também leva em consideração demandas como segurança, saúde, sustentabilidade e circularidade.
Não é exagero afirmar que o lixo é uma falha de desenvolvimento, e isso quer dizer que os bens e os processos devem ser revisados para que mantenham o seu valor, e o de seus recursos, pelo maior período possível de tempo.
No mesmo sentido, é preciso considerar uma cadeia de reaproveitamento, para que os recursos tenham um destino viável definido e bem planejado já a partir de sua primeira utilização.
Assim, muito mais que reduzir o impacto negativo dos meios produtivos, é necessário que eles preservem seus insumos para as futuras gerações e encontrem meios que tenham impactos positivos para todos.
A partir dessa visão, surge o conceito de design circular, que serve para substituir a atual lógica linear com base nos seguintes princípios:
Resíduos são nutrientes
Sabendo que a natureza funciona de maneira cíclica, é importante que essa lógica seja reproduzida nos sistemas fabris. Isso significa que todos os recursos naturais e sintéticos precisam ser otimizados, sob um planejamento que vise seu máximo aproveitamento.
Assim, nas lógicas industriais e urbanas, todos os resíduos (ou a maioria absoluta deles) precisam se transformar em insumos para novos produtos e processos.
Dessa forma, o foco é no valor dos próprios materiais, que devem ser recuperados e reutilizados depois do fim de cada ciclo de utilização.
Energia limpa e renovável
Todas as fontes de energia renovável são constantes e ilimitadas. Esse é o caso da energia solar, eólica, de biomassa e hídrica. Não por acaso, todo o planeta e sua ordenação natural dependem dessas matrizes para se conservar e sobreviver.
Sendo assim, o mercado e a sociedade também precisam replicar esse processo, visando um consumo energético passível de renovação. Atualmente, a minimização do gasto de energia e de seus impactos já é uma regra nas indústrias. Porém, os combustíveis fósseis ainda são uma realidade.
No design circular, a ideia é que toda a produção seja impulsionada por meios renováveis. Assim, estimulando a criação de novas tecnologias capazes de ocupar o lugar de insumos poluentes e esgotáveis.
Celebrar a diversidade
No meio ambiente, a diversidade pode se referir às espécies, aos biomas e aos próprios sistemas naturais. Na sociedade, ela diz respeito às pessoas, às culturas e às suas diferentes relações.
Já no mercado e na indústria, ela deve se referir à existência de múltiplos processos e sistemas, que por conta de sua variedade, tendem a se tornar mais maleáveis, resilientes e abertos a novas possibilidades.
Atualmente, os meios de produção visam produtos e soluções universais. Ou seja, uma mesma mercadoria é direcionada a todas as pessoas, sem considerar seus costumes e individualidades regionais.
A ideia do design circular é fugir desse lugar comum, deixando de impor um único modelo para ampliar e enriquecer a oferta de soluções. Com ele, os itens e seus métodos de criação se tornam mais diversos, voltados para as necessidades e características próprias de cada público, ambiente e população.
A partir de todos os pontos levantados até aqui, fica evidente o papel do design na criação de um novo modelo de economia. No próximo item, entenda melhor o conceito econômico circular e o protagonismo dos designers na sua difusão.
Como a economia circular se caracteriza e qual o papel do design nesse contexto?
Com a crescente preocupação do mercado e da sociedade com questões como a sustentabilidade e o reaproveitamento de recursos, os debates sobre a inserção de uma nova economia são cada vez mais constantes.
A atual economia linear precisa dar lugar a uma lógica circular, voltada à preservação do valor dos recursos e na eliminação de seus resíduos.
Nesse contexto, em que novas alternativas e soluções precisam ser idealizadas, os designers assumem um papel de protagonismo para tornar as relações sociais, mercadológicas e ambientais mais positivas.
Isso porque, se atualmente a vida útil das mercadorias é ínfima e todo o seu valor é perdido ao fim do ciclo de uso, esses profissionais devem elaborar alternativas para que os projetos sejam mais eficientes, os uso de materiais otimizado e o valor dos itens mantido.
Com base nesse pensamento, três demandas fundamentais precisam ser atingidas:
1. Alta durabilidade
Se refere a itens feitos para durar mais e ter qualidade elevada, para que seu ciclo de vida seja maior e demande menos substituições. Como esses atributos elevam as expectativas de consumo, a margem de lucro dos fabricantes também pode ser maior, fazendo com que todos da cadeia ganhem.
Vendas de segunda mão também ganham protagonismo nesse sentido, pois permitem que o tempo de utilização das mercadorias permaneça alto.
2. Reaproveitamento
Visa a recuperação e a preservação de insumos mesmo após o fim do ciclo de vida dos artigos. Ou seja, os recursos devem ter sua noção de valor aumentada, para que sejam reutilizados com qualidade na elaboração de novos produtos.
Em toda a cadeia produtiva, a ideia de reaproveitamento precisa ser planejada e priorizada.
Nesse ponto, vale destacar que, por mais que os conceitos de design e economia circular sejam relativamente novos, as empresas mundialmente reconhecidas por suas criações sempre adotaram esse tipo de cuidado em seus processos.
Ou seja, marcas clássicas como a Herman Miller e a Fritz Hansen, antes que a ideia de reciclagem fosse difundida, já trabalhavam para minimizar ao máximo as chances de que seus produtos fossem para o lixo ou voltassem para a natureza.
Por sua vez, as fabricantes jovens como a Magis, por exemplo, já surgiram com uma noção sólida de reaproveitamento. Um bom exemplo é a sua Bell Chair, que é feita de polipropileno reciclado, obtido a partir dos resíduos gerados pela própria produção de móveis da empresa italiana e da indústria automobilística local.
Graças a esse material patenteado, a Magis consegue excluir quase todos os materiais “virgens ou novos” de sua cadeia produtiva. Além disso, toda a composição pode ser reciclada após o uso.
3. Compartilhamento
Objetiva o uso de um mesmo item por várias pessoas. O conceito é relevante especialmente para produtos com baixa taxa de utilização. Ele evita a superprodução e o uso desenfreado de insumos, ao mesmo tempo em que valoriza a utilização de certos bens.
Trata-se de um modelo já utilizado em larga escala em bicicletas compartilhadas e transporte de aplicativos, mas que pode se estender para incontáveis mercadorias.
Por mais que o design circular ainda esteja crescendo e conquistando aos poucos seu protagonismo no mercado, ele já pode ser priorizado pelos consumidores. Para exaltar seus benefícios, as pessoas podem (e devem) procurar por empresas que entendam a necessidade de valorizar os produtos com esse viés.
Esse é o caso da Atec, que representa apenas fabricantes que têm em seu DNA a alta qualidade e durabilidade dos seus produtos, bem como uma visão integrada de produção, com insumos sustentáveis e planejados para o reaproveitamento.
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